Entre coregrafia, perfomance e pensamento, o trabalho de Vera Mantero, uma das artistas incontornáveis da dança contemporânea portuguesa, dialoga lado a lado com a linguagem artística de Teresa Silva, coreógrafa e bailarina. É transversal ao trabalho de ambas as artistas uma reflexão sobre o tempo, sobre a materialidade e subjetividade dos objetos, que habitualmente surgem como matéria coreográfica.

“Um pequeno exercício de composição” surge na sequência da recuperação de um elemento cenográfico do espetáculo que juntou Mantero e Silva anteriormente, “O Susto é um Mundo” (2021) de Vera Mantero: uns anéis de ferro, de cerca de 2 metros de diâmetro. Com a colaboração do designer e artista Santiago Tricot, este projeto explora sob a forma de exercício poético as relações entre forma e conteúdo, entre o sólido e o ar, o atravessamento do corpo e da sua imagem na relação com dois anéis pesados de ferro. Vera Mantero e Teresa Silva praticam o corpo, procuram relações, surpreendem-se com o encontro, numa espécie de exercícios de espanto.

Co-criação e interpretação: Vera Mantero e Teresa Silva
Luz e colaboração artística: Santiago Tricot
Produção: O Rumo do Fumo
Residências artísticas: DeVIR/CAPa, Estúdios Victor Córdon/Opart, Largo Residências
O Rumo do Fumo é uma estrutura financiada por República Portuguesa / Cultura – Direção-Geral das Artes

 

Tenho por hábito não fazer peças de maior envergadura todos os anos, como um escritor não escreve um romance todos os anos, como um cineasta não faz um filme todos os anos, etc. Cada peça maior exige um tempo de maturação, de gestação, e um esforço criativo, um mergulho criativo que não é possível produzir continuamente, sob pena de desgaste e de perda de profundidade no trabalho. Mas há muitos materiais em cada peça que ficam por explorar e aprofundar de cada vez que terminamos uma criação, e que não vamos poder explorar e aprofundar na próxima. Além disso, a possibilidade de fazer esboços e esquissos em dança, pequenos estudos de composição e de aprofundamento de temáticas em curso, é muito importante e deve poder ser levada a cabo.
Em cada peça em que trabalhamos há uma série de coisas que ficam penduradas, pontas soltas em que não se pode agarrar, por falta de tempo ou por não encontrarem o seu lugar no trabalho que estamos a fazer. O presente trabalho com a Teresa Silva e o Santiago Tricot pretende ser uma oportunidade de refletir sobre materiais que tenham ficado para trás no processo da peça ‘O Susto é um Mundo’ (2021) e também oportunidade para praticar o fazer, o compor, a devolução em ‘coisa performativa’ daquilo que nos ocupa neste momento. — Vera Mantero

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