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Marina Herlop
O futuro começou quando Marina Herlop se sentou ao computador. Depois de dois álbuns de intrincado impressionismo de piano e técnicas vocais maravilhosas, a cantora e pianista samplou a sua voz e piano com software, de forma inovadora o suficiente para que o jornalismo musical não pudesse deixar de fazer comparações com pioneiras como Björk ou Meredith Monk. Com “Pripyat”, a compositora, vocalista e pianista catalã, com formação clássica, canaliza o seu ambiente de uma forma verdadeiramente pós-humana; Herlop realiza acrobacias vocais alienígenas, inspirando-se na música Carnatic do sul da Índia, enquanto planta uma diversidade de sementes sónicas que florescem brilhantemente no seu sumptuoso jardim de composições quiméricas, produzidas pela primeira vez exclusivamente por via eletrónica.
Com o nome da cidade abandonada e devastada por armas nucleares na Ucrânia, “Pripyat” está repleto de superfícies de sintetizador com ritmo metronómico e batidas e tons desconstruídos. Herlop canta sobre ele na sua própria (não-)linguagem inventada, sobrepondo várias linhas vocais e criando canções pop corais de beleza sobrenatural. Neste regresso a Portugal, a artista apresenta-se com um concerto concebido o Panteão Nacional (Lisboa) e, na sua estreia algarvia, na Associação Recreativa e Cultural de Músicos (Faro).