Baseada em fatos reais, “A Revolta do Milho” é a recriação teatral da revolta camponesa de junho de 1942, decorrida na aldeia de Vale da Pedra, com o envolvimento das populações das três freguesias de Souto da Carpalhosa, Monte Redondo e Bajouca, em Leiria. Com a fome provocada pela guerra, as revoltas camponesas eram frequentes em Portugal, mas abafadas pelo regime de Salazar.

Breve história: o milho, essencial na alimentação da população local, estava sujeito às políticas do Estado Novo, que visavam garantir o fornecimento do país a preços tabelados. José “Barbeiro”, um dos grandes produtores de milho, foi notificado para entregar a sua produção de acordo com o Manifesto. Consciente das intenções do Grémio da Lavoura em confiscar o milho, a população organizou-se para impedir a sua recolha. Após diversas tentativas várias pessoas foram detidas e condenadas por sedição, incluindo duas mulheres e doze homens. Levados para o Governo Civil de Leiria, aí foram espancados e identificados; depois levados para o Tribunal Especial em Lisboa e daí colocados à ordem da PIDE e encarcerados no Forte de Peniche (só para homens, mas que acolheu pelo menos duas mulheres), onde estiveram presos cerca de um ano.

80 anos depois, a recriação de “A Revolta do Milho” reúne em cena atores, atrizes e músicos de quatro companhias de Leiria (O Gato, CaosArte, Manipulartes e TASE), assim como pessoas da comunidade local. Na 4.ª edição da BoCA, os 24 elementos apresentam-se em Lisboa, trazendo à tona a memória deste episódio de resistência civil, com a participação fundamental das mulheres, por tantas décadas omitido da história portuguesa.

 

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